sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Um para cada um

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Foi declarado o “fim dos galheteiros” nos restaurantes. Apesar de não ser o “fim do mundo” é francamente uma perda enorme na cultura portuguesa. Confundo sempre os galheteiros com os pauliteiros (de Miranda) mas os pauliteiros dançam com o pau na mão, enquanto os galheteiros distribuem galhetas sem pau na mão. “É uma comparação estúpida” - diz-me neste momento um dos meus neurónios - pelo que peço desculpas aos galheteiros.

Agora, sempre que formos a um estabelecimento da área da restauração, é proibido por lei, vir para a mesa um galheteiro com o azeite e o vinagre. Continua a vir para a mesa mas em - e passo a citar - “pacotes invioláveis”.

Primeiro: que piada tem um pacote se é inviolável?
Segundo: existirão mesmo pacotes invioláveis ou será tudo uma questão de se convencer o pacote a deixar-se violar, tendo para isso o precioso auxílio do azeite?

Julgo que não é tão mau como soa. Assim temos a garantia de poder confirmar pelo rótulo a origem do azeite (não fosse haver algum vegetariano que se recusasse a consumir azeite Gallo) e também que ninguém cuspiu, lavou qualquer parte do corpo, ou deixou cair o azeite ao chão limpando depois com uma esfregona espremendo-a de seguida de novo para o frasco, no nosso azeite.

Estes pacotes individuais levantam outra questão bastante mais importante, como o egoísmo inerente a cada um de nós... “Não mexas aí que esse é o meu pacote” passará a ser uma frase bastante ouvida nos restaurantes, principalmente vinda da boca de crianças mimadas (pequenas ou grandes).

Se cada pessoa tem para si o seu pacote, isto significa que provavelmente não o consumirá na totalidade, e a não ser que alguém o consuma por si. Se o pacote não é bem consumido haverá desperdício do seu conteúdo. Quem fica a ganhar com isso? As companhias de azeite.

1 Response to Um para cada um

15 fevereiro, 2006 08:44

há que cuidar bem do pacote...