quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Mais uma do meu país...

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O episódio passou despercebido à maioria do pessoal, pelo que aqui vai a epopeia da Neide com bacalhau e tudo.

A Neide é uma brasileira que estava sossegada a servir às mesas do restaurante Sr. Bacalhau do Colombo em Lisboa. Ao tasco, ia lá almoçar amiúde, o Sr. Dr. Ernesto Moreira, Director do Departamento de Administração Geral do Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça, ufa! O nosso Ernesto engraçou com a Neide do Bacalhau, e mais bacalhauzada menos bacalhauzada, o bom do Ernesto viu que por ali a Neide era mal empregada. Avaliou aquilo de alto a baixo, e zás, concluiu que faltava "neide" no património do Estado Português.

E se bem a mastigou, melhor a engoliu. Sugeriu à Neide um lugarzito, mandou-a concorrer e seleccionou-a. A Neide foi então "Requisitada pelo Estado" por despacho estatal e publicado em Diário da República, sem qualquer concurso público, que foi dispensado, dada a urgência e supremo interesse que o Estado tinha na Neide. A nossa Neide saltou assim do bacalhauzito para "Coordenadora do Departamento de Logística do Depósito Público de Vila Franca de Xira" com 1700 mocas por mês (340 contitos, mais regalias).

"O Independente" achou piada à dispensa do concurso e foi ver da Neide. E chapou com a Neide na primeira página. Se os jornalistas da imprensa escrita têm este mau feitio os da radio... upa upa. Foi um gozo, um delírio puro! É que os jornalistas foram ouvir o Sr. Dr Ernesto Moreira, que falava do supremo interesse do Estado pela Neide e explicava, juridicamente, a necessidade do regime de requisição e mais, redundou que era a candidata com melhores habilitações e que tinha a experiência profissional da logística dos seis restaurantes Sr. Bacalhau. A rádio largou-o e telefonou à gerência do Sr. Bacalhau. Este disseram que não, que logística não serviam, a especialidade deles era mesmo bacalhau, cujos tascos eram independentes e que a Neide era uma boa empregada de mesa sim senhora. Voltaram ao Ernesto. O Ernesto falou de uma licenciatura em Geografia e balbuciava qualquer coisa sobre Vila Franca de Xira. Depois teve o bom senso de se calar. Isto tudo de manhã. À tarde o Ernesto ia à vida, o Presidente do IGFPJ idem aspas aspas, mais um ou dois responsáveis e a Neide. O Sócrates, acossado, mandou tudo pró olho da rua, logo na tarde da Sexta em que saiu a notícia.

Nós deviamos candidatar-nos ao Guiness mostrando ao Mundo que podemos estar sempre a bater no fundo! O fundo em Portugal não tem limite!

4 Response to Mais uma do meu país...

08 fevereiro, 2006 16:39

Pobre Ernesto... Pior terá sido quando chegou a casa e teve de explicar à mulher e filhos, porque é que gostava mais do bacalhau da Neide, que do da mulher.
Em relação a Portugal ir cada vez mais ao fundo, é explicável. Já que nos estão sempre a reduzir as áreas de pesca, pode ser que indo mais ao fundo, se pesque mais bacalhau.

08 fevereiro, 2006 16:44

Na falta de concurso público, o povo devia ter exigido á Neide que tornasse públicos os seus atributos...
É que nada me convence que não os tenha...

08 fevereiro, 2006 18:44

Eu que sou um gajo com o olfacto apurado, cheira-me, mas só me cheira, que o Sócrates não é grande apreciador de bacalhau.

09 fevereiro, 2006 00:16

Ó Judas: o fundo em Portugal não tem fundo ...
como o país está, todo rôto, esburacado, é tudo uma questão de buraco...(atenção que não estou a falar da menina do bacalhau).
Ao doutorzinho é que lha saiu uma posta de bacalahu de lastro ! ahahahahah