segunda-feira, janeiro 22, 2007

Lembrei-me...

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...agora mesmo que não gosto nada do Luís Represas. E, neste momento, estou a ouvir Luís Represas. Se calhar foi por isso que me lembrei que não gosto de Luís Represas. Quando era mais rapazinho conheci um outro rapazinho que gostava de Luís Represas. Lembro-me de ter pensado: "Eles afinal existem mesmo".

As pessoas crescem e mudam. Eu não gostava dos Sopranos e agora já gosto. Mas Luís Represas não é uma questão de crescimento. Mesmo que se dê uma oportunidade ao gajo o Luís Represas há-de ser sempre irritante. E é reconfortante saber que há coisas que nunca mudam. A música do Luís Represas por exemplo. Nem para cima nem para baixo nem para os lados. A música do Luís Represas é a música do Luís Represas.

No dia em que o anjo do apocalipse descer à terra vai ter grande dificuldade em acabar com a música do Luís Represas. A música do Luís Represas existe num outro contexto. Não é bem humana nem sobre-humana. Esses conceitos são parcos para capturar a música do Luís Represas. Ela existe, isso é verdade, mas é como se não existisse. Não é concreta nem abstracta, é somente a música do Luís Represas.

Ela nem sequer quer ser a música de outrém (digamos que do Michael Bolton), ela é somente e sem variação possível a imutável e desnecessária música do Luís Represas. Percebem o que eu estou a tentar dizer? Percebem porque é que de vez em quando apetece pegar numa caçadeira e ir lá perguntar ao gajo o que é que ele tinha na cabeça quando escreveu aquelas cantigas? Mas não podemos. Afinal de contas estamos a falar da música do Luís Represas.

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